sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Patrick Tambay em San Marino (1983): octagésima quinta vitória da Ferrari

    

      Um poderoso duelo entre Brasil e França marcou a disputa entre pilotos na temporada 1983 de Fórmula 1. Enquanto a italiana Ferrari sobrava no campeonato de construtores.

     Alain Prost, da Renault, chegou como líder na última prova do ano. Nelson Piquet, da Brabham, e René Arnoux, da Ferrari, também tinham chances de levar o título.

     Com uma pequena vantagem de dois pontos, a situação de Alain Prost ficou complicada quando ele deixou a prova logo na 35ª volta. Como Arnoux também havia tido problemas, ainda na 9ª volta, o caminho ficou livre para o segundo título do brasileiro Nelson Piquet.

     Terceiro colocado na corrida, Piquet somou quatro pontos e terminou a temporada dois à frente de Prost.

      O GP de San Marino era a quarta prova do campeonato muntial de F1 e, até aqui, os admiradores tinham visto um campeonato equilibrado, com três vencedores diferentes, mas sabiam que Brabham e Renault eram os melhores carros do pelotão, seguidos de perto pela Ferrari. Todos eles eram carros equipados com motores Turbo, logo, com mais potência do que os motores Ford Cosworth aspirados que equipavam os McLaren e os Williams, por exemplo.

[Imola+83+3.jpg]

     Quando máquinas e pilotos chegaram a Imola, os "tiffosi" ainda tinham em mente aquilo que tinha acontecido um ano antes, quando Gilles Villeneuve e Didier Pironi se envolveram numa batalha fratricida, que desencadeou a trágica morte do carismático piloto canadense, na prova seguinte, em Zolder. O seu substituto era Patrick Tambay, o melhor amigo do canadense (e padrinho de batismo de Jacques Villeneuve). Conscientes disso, os "tiffosi" queriam que Tambay ganhasse, em memória do seu amigo.

     Nos treinos, a Ferrari dominava, mas o "poleman" foi René Arnoux, tendo a seu lado Nelson Piquet. Tambay era terceiro, seguido por Alain Prost, no seu Renault. Na terceira fila, o segundo Brabham de Ricardo Patrese alinhava ao lado de Eddie Cheever, no segundo Renault. Supreendente era Manfred Winkelhock, que punha o seu ATS-BMW no sétimo posto, lado a lado com Andrea de Cesaris, no Alfa Romeo.

     Coincidência ou não, o terceiro lugar de Tambay era o mesmo que Villeneuve ocupava um ano antes. E os "tiffosi" não  tinham esquecido disso. Tanto que desenharam uma folha de ácer no lugar, emocionando o simpático francês pelo carinho demonstrado. Era mais uma das inumeras que existiam ao longo do circuito, mas esta tocou no coração do francês...



    Na largada, Arnoux permaneceu na frente, enquanto que Piquet ficou parado no grid, vendo os outros carros passar. Empurrado pelos comissários, arrancou, mas pouco tempo depois, acabou abandonando, vítima do motor. Atrás dos dois Ferrari, ia Ricardo Patrese, que vinha fazendo a prova da sua vida. Logo na primeira volta ultrapassou Prost e passou a ocupar o terceiro posto, com Arnoux na cabeça. Na volta seguinte, ultrapassou Tambay e na volta sete, ganha a liderança de Arnoux.

     Até à volta 20, as coisas permaneceram assim. Depois, o francês do carro 28 foi para os boxes, inaugurar um procedimento que a equipe do Cavallino Rampante não fazia há 35 anos: o reabastecimento. Quando chegou a vez de Tambay, este o fez seis voltas mais tarde, e ficou atrás de Arnoux, Prost e claro, Patrese. O italiano certo no carro errado impunha um ritmo acelerado, determinado a ganhar. E parecia que esse paradoxo iria acontecer...

     Contudo, na volta 34, é a vez de Patrese reabastecer. Ansioso para vencer, acabou cometendo um erro: passa da marca dos boxes, danifica uma das pistolas de ar, fazendo com que se arranjasse um substituto. Resultado: 21 eternos segundos perdidos, e o italiano regressou à pista na segunda posição, com mais de dez segundos de desvantagem. Foi aí que o italiano fez a recuperação da sua vida.



     Em quinze voltas, da volta 35 à volta 50, Patrese bate sucessivamente o recorde da pista do circuito e recupera os dez segundos de desvantagem que tinha sobre Tambay. Para piorar as coisas, o motor de Tambay começava a falhar e o Brabham faz a  manobra de ultrapassagem na volta 55, mais concretamente na Curva Tosa. O silêncio tomava conta do circuito.



     Contudo, essa liderança durou pouco. Na curva seguinte, Acqua Minerale, Patrese sai da pista e bate no muro de pneus que lá estava. O circuito entra em delírio com esta visão, e o seu piloto numero 27 era de novo o líder!

    Acidente de Patrese:


     E assim foi até ao final, mesmo com a saída de Arnoux da corrida, e perda do segundo lugar para Alain Prost. Quando Tambay cruzou a linha de chegada, a multidão entrou em delírio. Para eles, era a reparação de uma injustiça, um ano depois do acontecido. Invadiram a pista e levaram Tambay pelos braços, sendo necessário a escolta da policia, para que pudesse chegar ao pódio.


     No final, num pódio todo francês, ele afirmou emocionado: "Juro que não era eu que estava pilotando aquele carro. Eu sentia como se Gilles estivesse comigo". Se assim foi, então o espírito de Gilles Villeneuve podia finalmente descansar em paz.

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