sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Chefe da Ferrari diz que "não há nenhum tipo de ameaça a Massa"

 . Foto: Getty Images

     A reação da Ferrari na temporada 2011 vem acontecendo, mas talvez tarde demais. Chefe da equipe, Stefano Domenicali sabe que a situação da escuderia é difícil e espera que o bom momento siga a ponto de Fernando Alonso poder disputar novamente o título no final da temporada.
 
      Reação também é o pedido de Domenicali a Felipe Massa. O brasileiro vem tendo mais um ano difícil, mas ainda tem a confiança do chefe. Porém, Domenicali espera que Felipe ande no nível do espanhol para que o time tenha dois pilotos em condições de brigar pelo título. Pelo menos, o dirigente deixou claro que isso não é uma ameaça ao piloto brasileiro, cujo contrato expira no fim da temporada de 2012.
 
     Como avalia o trabalho da Ferrari nesta temporada?

     Stefano Domenicali: Com certeza o início da temporada não foi nada bom, bem longe do nível que esperávamos. Mas fico satisfeito de ver que reagimos imediatamente. Tivemos de fazer algumas mudanças organizacionais para sair da situação em que estávamos. E vimos nas últimas corridas uma Ferrari muito mais competitiva, capaz de lutar por pódios e vitórias. É onde devemos estar e onde deveríamos estar desde o início da temporada. Essa é a base para a segunda metade da temporada e, ainda que o campeonato pareça difícil porque a diferença de pontos é muito grande, temos de buscar maximizar nossa performance e ver em que posição terminaremos no final.

     Não é tarde demais?

     Domenicali: Não acho que seja. Não é cedo também (risos). Mas pode acontecer que, por um motivo qualquer, Sebastian tenha um problema e precisamos estar perto para aproveitar. Temos oito corridas, é muita coisa ainda. Sendo realista, vejo a Red Bull muito forte e também a McLaren deu um grande passo adiante nas últimas corridas, ainda que eles tenham começado o ano melhores que a gente. Para quem acompanha o campeonato, certamente foi interessante ver três equipes brigando pela vitória nas últimas corridas, o que não foi o caso no início da temporada.

     A Ferrari se recuperar como fez no ano passado e nesse é um sinal de que seu trabalho é bom ou ela começar mal uma temporada é um sinal de que seu trabalho é ruim?

     Domenicali: Começar mal nunca é bom, porque o objetivo sempre é começar o ano bem e melhorar. Os motivos por termos começado mal no ano passado são diferentes dos deste ano, mas o efeito no final das contas é o mesmo. Pelo menos, seria muito positivo terminarmos bem esta temporada já que as mudanças no regulamento serão muito pequenas. Se tirarmos a diferença em classificação e em corrida até o final do ano, não vejo motivos para não começarmos a próxima temporada de igual para igual. Não vamos subestimar o fato que, no ano passado, terminamos o ano com um déficit de meio segundo para o carro da Red Bull ainda que tenhamos lutado pelo título até a última corrida. É uma diferência que não é fácil tirar ao longo do inverno sem nenhuma mudança muito brusca. Então nossa meta é eliminar essa distância até o final de ano e, a partir disso, desenvolver o carro no inverno.

      O que fez a diferença nesse crescimento? Foi a influência de Pat Fry ou foram vários detalhes que se encaixaram?

      Domenicali: Como sempre, um pouco dos dois. Mudamos nossa organização para melhorar e termos uma abordagem mais dinâmica no desenvolvimento do carro. Acho que algumas das ideias também estavam prontas para serem aplicadas antes mesmo das mudanças, então é uma mistura. Vejo as pessoas mais motivadas para mostrar a capacidade do grupo.

      Por que isso só agora?

      Domenicali: É claro que, quando há uma mudança, cada um quer mostrar o que pode fazer. Faz parte do jogo, no futebol é assim também quando se troca um técnico. É por isso que às vezes é preciso mudar algo na estrutura para o benefício da equipe e não por uma questão pessoal.

     Motorores V6 para 2013. Você está satisfeito com a escolha dos motores V6 para 2013?

     Domenicali: Sim, acho que foi a decisão correta. É um motor melhor do ponto de vista da competição e, para a Ferrari, é uma unidade mais em linha com os nossos produtos. Esse processo começou com uma discussão com os fabricantes de motores. Não só com os que estão na Fórmula 1 mas também com os que sinalizaram para a FIA um interesse em entrar na categoria. Depois de vários estágios de discussão, ficou claro no final do ano passado que só nós éramos contra os motores de 4 cilindros em linha. Mas desde então a situação mudou, porque esta é a natureza das coisas e surgiram novos elementos na mesa. Outros fabricantes também passaram a se opor a esta alternativa e se mostraram favoráveis ao V6.

     A questão do som dos motores também pesou?

     Domenicali: Sim. Você escuta os carros da GP3, parece que eles não fazem barulho. E o som é um valor importante para os torcedores, não precisamos mentir aqui. A Fórmula 1 pode ser um grande desafio tecnológico, mas não é esse o motivo que traz fãs e televisão para os circuitos. Uma das coisas que se discute agora é sobre motores elétricos para andar no pitlane. Eu sou frontalmente contra. Se tirarmos o elemento de paixão do esporte, podemos ir correr nas pistas de testes das montadoras sem torcida para fazermos nosso trabalho. O ruído faz parte do jogo! Quando eu era moleque, por exemplo, eu sempre prendia uma carta no aro das rodas da minha bicicleta para fazer mais barulho! Essa questão da importância do som é algo que o promotor (Bernie Ecclestone) está colocando em pauta e eu concordo com ele nisso.

Sobre Felipe Massa:
 
     Como vê a situação do Massa na equipe?

     Domenicali: Ele fica conosco até o final de 2012, isso não é nenhuma novidade. Vejo Felipe trabalhando duro e acho que suas performances cresceram nas últimas corridas. Ele tem tido alguns azares, como na Alemanha quando largou bem, mas ficou preso entre carros nas primeiras curvas e acabou perdendo posição para Nico Rosberg. O carro de Mercedes tem uma excelente velocidade de final de reta e é muito difícil ultrapassar, então você acaba perdendo muito tempo atrás dele e sua corrida fica arruinada.

     Mesmo assim é difícil imaginar que você esteja satisfeito com os pontos que ele está conseguindo para a equipe, tanto no ano passado como neste. Onde você acha que ele perdeu aquele extra que o colocaria junto dos principais pilotos e o que você espera dele para o ano que vem?

     Domenicali: Em 2012 eu espero que ele diminua essa distância. Ele sofria para aquecer os compostos de pneus mais duros por seu estilo de pilotagem, mas isso deve ser um problema menor agora. Ele quer e nós queremos dar um passo à frente. Para lutar pelo título, precisamos ter nossos dois pilotos andando na frente e brigando por vitórias. É muito importante para uma equipe ter um bom equilíbrio entre seus dois pilotos e eu realmente acredito que temos isso. Onde ele perdeu? É difícil dizer. Felipe é muito forte em uma volta rápida, quando tem um carro bom. Ele precisa melhorar sua consistência, mas estou confiante de que ele dará um bom passo adiante nisso daqui até o final da temporada. E ele sabe que faz parte da nossa família e que não há nenhum tipo de ameaça. Ele tem a condição perfeita para maximizar sua performance.

Fonte: Terra

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